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26 de outubro de 2011

A cidade se despede do sol



Sobre o rio Sanhauá, se vai o sol
Se vai o sol, beijando o rio Sanhauá
Se despedindo da cidade, se vai o sol
Se vai o sol, como quem quer ficar

Sobre a vegetação do mangue, voam as garças
Voam as garças, graciosas a plainar
Sobre a face do rio, navega a canoa
Segue canoa abrindo caminhos no rio mar

Da canoa que navega sobre o rio, o pescador lança sua rede

No fundo do rio tem peixe
Na beira do rio tem mangue

Em cima do mangue tem casas
E sobre as casas, garças... Batem as asas


Garças que voam tranqüilas sobre as casas, sobre o mangue
Caranguejos que na lama do mangue se escondem do perigo
O sol segue seu rito
Um processo diário

Se pondo sobre a face do rio
Num encontro apaixonado
Que agora a descoloriu
E a pintou de dourado

Sobre a face do rio dourado voam as garças brancas
Sobre o rio dourado, navega suavemente o pescador
O vento sopra suave
O sol brilha gentil
O céu antes anil se faz alaranjado

No rio, na canoa, na vegetação, no céu, na lama
Pescador, peixe, garça, caranguejo, mangue...

Retratos sem nomes
Iluminados pelo sol dourado
Jardins preservados se estendem pelas águas


Cotidiano ignorado
Cenário urbano que passa por despercebido
Natureza morta
Natureza viva

Recantos e encantos
Da capital Parahyba
Da cidade que resiste as regras do novo tempo
Cidade que freia o “progresso”
Província pós-moderna

Natureza em aquarela
Natureza bela
Ruínas assoladas
Lembranças soterradas

Retratos do tempo


Bem vindos todos
Bem-te-vi, sabiá, curió, beija-flor
Capim santo, erva doce, boldo
Canoa, remo, bota, chapéu
Antônio, Pedro, Luiz, Maria José

Natureza, pessoas e objetos num mesmo universo


Num mesmo cenário
Num mesmo contexto
Num mesmo espaço


A cidade se despede do sol